quinta-feira, 23 de abril de 2009

O Prazer das Preliminares!

Sexta feira, quase meia noite e acabo de chegar de um jantar com amigos. Por mais pressa que estivéssemos, o bom papo nos segurou no restaurante até tarde e agora não adianta mais chorar o pouco tempo de sono pela frente.
Corro pro quartinho da bagunça, pego a mochila no armário e começo a velha e sistemática rotina... Para onde vamos mesmo? Ah... fim de semana na Pedra do Baú. Combinei com a galera que desta vez vamos fazer um circuito clássico. Apesar de exaustivamente repetido, ainda meu preferido.


Vamos começar com a “V de Vingança”, somos quatro e acho que vou fazer dupla com o Minhoca. Como vamos subir à Francesa (em simultâneo) preciso de um parceiro em que confie, afinal enquanto guio a via, 30 metros de corda depois, ele sobe limpando. Nossa idéia é não nos encontrarmos em nenhum momento, portanto vou precisar levar muuuitas costuras. Acho que umas 40 está bom, se faltar pego umas com ele. Putis...!!! Nós 4 no rapel vai ser uma merda, melhor agente ir pela trilha que sai atrás da barraquinha de quitutes. Pausa, hum... Se bem que a trilha também é mó roubada. Sei lá, depois agente resolve o que faz...

Bem, se tudo der certo, se os malditos barimbondos não estiverem muito ferozes na fenda da primeira enfiada, e se não chover; acho que acabamos a via em uma hora e meia e partimos pra “Corneto”. Qual eram mesmos os Camalots que eu uso na fenda lá em cima? Acho que um #2 e um #3, ou era o #2 e o #1,1/2 ? Na dúvida acho melhor levar todos, do #1 ao #3, melhor carregar um pesinho extra, do que usar aquelas chapas velhas que já estão fazendo hora extra.

Depois de um rapelzinho rápido, podemos entrar na “Tudo Bem” para arrematar a parte da manhã. Aproveito e uso os mesmos móveis que vão estar na mão depois da Corneto.

Rápida pausa para um lanchinho... hum... barrinhas de Nutri, bolachas Passa Tempo e Gatorade em Pó, herança do Ranking Paulista do ano passado, que sobrou aos montes e não se encontra mais nos supermecados. Na embalagem tá dizendo que venceu há uns 6 meses, matar acho que não mata né.

Bem, a essa altura poderemos partir pra algo mais hard... Será que o Cotton e o Lango vão estar bem na “V”? Com menos experiência e escalando no método tradicional, na melhor das hipóteses, estarão terminando a via agora. Melhor considerar uma meia horinha pra checar o andamento da dupla...he he he

Voltando à programação, vamos aproveitar a chegada no cume do Bauzinho para rapelar até a parada de baixo e escalar a “Rosita Go Home”... Putz, to meio fora de forma, acho que vou passar o maior veneno pra virar aquele maldito tetinho.

Se fizermos tudo isso mesmo, o que vier depois é lucro. Preciso só separar uma meia dúzia de mosquetões avulsos, fitas para parada e auto-seguro, um par de cordim, ATC, sapatilhas, magnésio... Caramba, já é tarde mas vou ligar pro Minhoca.
– Minhoca, você leva a sua corda? A minha tá meio velhinha, com as pontas cortadas já não tem os 60 metros originais... Ok. O minhoca vai levar a corda dele zero bala.

Enfim, tudo separado, equipos checados, dromedário, saco de corda, comidinhas, anorak e headlamp. Nunca se sabe - no Baú, a chuva vem do outro lado e te pega de surpresa. Fora as roubadas que acabam no escuro. É sempre bom estar previnido.
Meu Deus do céu... Já são duas horas da manhã e combinamos de sair às seis. Acho que vai rolar um revezamento na direção e parada no Leite na Pista pra um café reforçado antes de subir a serra.
Tantos anos, tantas viagens e essa correria na véspera é sempre a mesma, eu esqueço da vida e o tempo voa noite a dentro. Parece que agente não aprende, mas na verdade acho que a escalada é um dos poucos esportes onde os preparativos podem ser tão prazerosos quanto a pratica em si.
Como é gostoso preparar a próxima viagem!

Publicado originalmente em 18/04/2006

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